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Bom de copo

O dobro, o triplo e o quádruplo do gosto

Do macro para o micro: Europa > Bélgica > monges trapistas > cerveja > família Ale > Dubbel.

Europa, onde se encontra este pequeno país chamado Bélgica, de apenas 30.500 km² – equivalente ao estado de Alagoas e mais um pouquinho que, apesar do diminuto tamanho, esta nação possui uma longa e rica história com a nossa bebida favorita.

Monges trapistas, oficialmente conhecidos como a Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância, cuja congregação católica nasceu em 1662, fundada por Armand-Jean Le Bouthillier de Rancé.

Cerveja trapista, um dos meios de subsistência dos mosteiros, que se tornou hoje símbolo de excelência na confecção de cerveja. Atualmente, seis dos onze monastérios que produzem a cerveja trapista se encontram na Bélgica e os outros cinco espalhados pela Holanda, Áustria, Estados Unidos e Itália.

Família Ale, é o nome genérico que se dá às cervejas de alta fermentação, onde as leveduras fermentam em temperatura maior (entre 15ºC e 25ºC), se comparada às bebidas de baixa fermentação (5ºC a 14ºC). Por este motivo, mas não só, as cervejas da família Ale tendem a ser mais alcóolicas, frutadas e escuras.

Dubbel é o nome dado a um estilo específico de cerveja Ale, criado pelos monges trapistas em 1856 com a base numa bebida “duas vezes mais forte” do que eles produziam anteriormente – a cerveja Enkel. Por isso, “dubbel” recebe a alcunha de “o dobro” em neerlandês – língua oficial do país, além do francês.

Entre as principais características da Dubbel estão o alto teor alcóolico (6-8% de álcool), cor marrom escura, amargor que remete à um fundo caramelizado e de frutas secas.

Em 1934, monges de Westmalle – outro dos seis monastérios autorizados a marcar suas bebidas com o selo de autencidade trapista – resolveram incrementar a receita dobrada ainda mais, intensificando o teor alcóolico (em 9,5%), com um resultado visivelmente claro e com aromas de frutas amarelas. À esta benção, deram-lhe o nome de Trippel – ou “o triplo”.

E como o céu é o limite, quase 60 anos após a invenção da Trippel, ou 140 anos após a invenção da Dubbel, foi a vez da Holanda, com o mosteiro Konigshoeven, lançar a “quatro vezes mais potente” cerveja Quadruppel – uma bebida forte com mais de 10% de álcool que seria, a princípio, para o consumo regular apenas no inverno. Mas devido ao seu sucesso, ela chegou para a ficar e hoje configura como um subtipo do rico e variado menu trapista.

Segundo especialistas consultados para o Portal G1, as cervejas Dubbel e Quadruppel harmonizam com carnes intensas, como carnes de caça (carneiro e pernil, por exemplo) e outros pratos mais pesados. Já para a versão mais clara do time, a Trippel, recomenda-se harmonizar a bebida com uma massa que leve molho pesto consigo.

Seja qual for o seu estilo, jogue suas mãos para o céu e agradeça a estes pequenos milagres criados por gente tão sábia e estudiosa quanto os monges belgas e holandeses.

Com informações de: Mundo Blá, Portal G1 e Wikipédia