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Quem não arrisca não petisca.

A cerveja Pilsner vem, é claro, da República Tcheca. No entanto, as coisas não são tão óbvias quanto parecem ser. Certa vez, os cidadãos de Pilsen ficaram tão insatisfeitos com sua cerveja que eles até derramaram-na toda na frente da prefeitura como forma de protesto. A partir daí, surgiu uma ideia brilhante.

Pergunte a um estrangeiro o que lhe vem à cabeça quando ele ouve as palavras “República Tcheca”. Sim, ele talvez responda “Skoda”, “Havel” ou “Praga”. Mas o que você, como cidadão tcheco, irá mais ouvir como resposta? “Cerveja”. Goste você ou não, é assim que funcionam as coisas.

Certamente, a cerveja já havia trilhado sua fama na Europa durante a Idade Média. Poder confeccionar a bebida era um dos maiores privilégios que uma cidade poderia ter. Se você pudesse fazer cerveja naquela época, você faria. A água dos poços públicos estava longe de ser limpa, por isso beber cerveja – ou pelo menos aquilo que se chamava de cerveja na época – era considerada uma opção mais segura. Levou-se muito tempo para que o mingau fermentado e turvo se parecesse com a bebida que conhecemos hoje.

Havia uma quantidade razoável de tipos de cerveja: as mais fracas eram bebidas no café da manhã; cada cidadão bebia, em média, três quartos de litro de cerveja por dia. A bebida era popular, com preços razoáveis e era encontrada facilmente. Mas ela era boa? Isso dependia. As ruas e praças abrigavam tabernas e cada local produzia a sua bebida da maneira que lhe convinha melhor.

Da sarjeta aos céus

A cidade de Pilsen, no oeste da Boêmia, não era exceção à regra. A arte de fazer cerveja surgiu desde a sua fundação em 1295. Os locais experimentavam a bebida com vontade e alegria nos mais de 260 estabelecimentos disponíveis. Os mais inventivos tentavam misturar uma série de ingredientes secretos, como ossos humanos moídos e pedaços de cordas. Não à toa que durante os tempos de Georg von Podiebrad (1478-1471), dizia-se que a cerveja local era “uma terrível mistura venenosa que produzia cálculos biliares e pontadas nos rins”.

Só que a cerveja local não foi melhorando com o passar do tempo. Muito pelo contrário: piorou. Se você estivesse, na época, à procura de uma cerveja mais palatável, você buscaria alguma outra proveniente da Saxônia ou da Bavária. Ao cabo, os aldeotas de Pilsen perderam a paciência com os produtores locais. Numa praça em 1838, eles derramaram 36 barris daquela mistureba horrorosa, intimando os produtores que “as coisas não poderiam continuar daquele jeito”. Em janeiro do ano seguinte, um plano simplesmente engenhoso foi bolado no encontro de cidadãos na prefeitura. Decidiu-se fundar conjuntamente uma fábrica de cerveja grande e moderna. A construção começaria de imediato e depois de apenas três anos de trabalho coletivo, a fábrica abriu suas portas sob o nome de Cervejaria Municipal de Pilsen (em tcheco: Měšťanský pivovar Plzeň).

Os fundadores não tinham grandes ambições. Os locais queriam apenas confeccionar uma cerveja robusta, de qualidade ao estilo bávaro. Para tal, eles chamaram o mestre cervejeiro Josef Groll de Vilshofen, cidade próxima à Passau.

A primeira leva, servida em novembro de 1842, saiu com gosto diferente do que o povo estava esperando: saiu ainda melhor do que o imaginado. Graças à combinação do lúpulo de Saaz, a água suave de Pilsen e o malte leve, esta não era apenas uma cerveja bávara, mas sim uma lager dourada de baixa fermentação. Durante a prova inaugural, dizia-se por aí que a bebida tinha “um sabor forte, excelente, desconhecido no mundo da cerveja”. Não é de se espantar, portanto, que ela rapidamente se espalhou por todos os bares de Pilsen e, em pouquíssimo tempo, também havia alcançado os estabelecimentos de Praga e Viena.

O mestre cervejeiro Josef Groll confirmou, portanto, um velho princípio conhecido: quem não arrisca não petisca. Graças aos novos ingredientes, ele tinha criado uma cerveja Pilsner completamente nova. Hoje, trata-se do tipo de cerveja mais vendido em todo o mundo.

 

Autora: Zuzana Lízcová / Goethe-Institut.

Texto sob licença Creative Commons para fins não-comerciais – Traduzido e editado do inglês ao português.

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Bom de copo – Literalmente

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