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Águas de Märzen (Märzenbier)

Assim como a Natureza possui os seus ciclos, as cervejas também acompanham (ou pelo menos acompanhavam…) os ritmos do planeta, suas estações e possibilidades de cada época. Afinal, água, malte, lúpulo e levedura são ingredientes naturais que sofrem com as intempéries do clima – e quando nos referimos a Alemanha do século 16, sem qualquer tipo de tecnologia de previsão meteorológica ou refrigeração, uma simples frente fria ou uma onda de calor extrema poderia significar o fim da colheita, ou o fim da sua cerveja.

Enquanto as “águas de março fecham o verão” no Brasil e no Hemisfério Sul, lá no Norte o terceiro mês do ano significa o contrário: o fim de um longo inverno e abertura da temporada de calor. Logicamente, a partir desse momento, não era mais permitida (ou pelo menos recomendada) a confecção da cerveja na região da Baviera justamente pela falta de refrigeração – fermentar no calor era um negócio perigoso para a saúde.

Segundo relatos e escrituras antigas da região, as últimas cervejas confeccionadas em março (Märzenbier em alemão) eram guardadas em cavernas, onde a rocha mantinha a temperatura média do ambiente relativamente baixa, teoricamente geladinha, para serem consumidas no verão.

Após madurarem meses a fio, estas Lagers da Baviera possuíam, em geral, um aspecto âmbar alaranjado até algumas bem mais escuras, conhecidas como dunkles Märzen, de cor marrom. Ricas nos aromas dos maltes e com pouco aroma de lúpulo, as Märzenbier geralmente evocam sabores mais tostados e, dependendo da região, um dulçor a caramelo (notadamente as Märzen vienenses). Em geral, são cervejas de concentração alcoólica mais “elevada”, entre 5,8% e 6,3% ABV.  

Embora não necessariamente comportam a mesma origem, “as cervejas de março” ganharam sua fama internacionalmente no século 19 com a popularização das Vienna Lager no Oktoberfest. Por isso, muitas vezes ao buscar sobre a origem deste estilo, muitos tendem a assimilar uma Vienna Lager, uma Oktoberfest e uma Märzenbier num único grupo.

Com informação de: All About Beer, American Craft Beer e Wikipédia 

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A Cervejaria Mais Antiga do Mundo

Em nossa viagem etílica pelo globo, nós já demos algumas voltas nos bares mais antigos do mundo, incluindo um com mais de 1.200 anos de funcionamento em Salzburg, na Áustria. Não muito longe dali, no sul da Alemanha, por acaso reside a cervejaria em funcionamento mais antiga do planeta: conheça a magnífica história da Bayerische Staatsbrauerei Weihenstephan – ou apenas Weihenstephan, para os locais.

Como indicado no portal oficial da cervejaria, muito antes de sequer existir a Alemanha, o Sacro Império Romano-Germânico e o imperador Carlos Magno, nascia no ano de 725 o monastério beneditino de Weihenstephan sobre a colina Nährberg na cidade de Frisinga. Por ordem do milagroso São Corbiniano e seus doze discípulos, os monges passaram a cultivar lúpulo na vizinhança e lucravam com este cultivo ao produzir cerveja.

Duzentos anos mais tarde, em 955, o monastério passou por uma terrível crise ao ser saqueado por invasores húngaros que destruíram as plantações e o próprio edifício original da cervejaria. O resultado foi um longo e duradouro processo de reconstrução cujo desfecho mais alegre, um século mais tarde no ano de 1.040, foi a autorização da prefeitura de Freising para cultivar o lúpulo e vender a cerveja oficialmente à toda região.

Entre 1.040 e 1803, o local sobreviveu a todos os tipos de horrores e pragas da Idade Média. Dezenas de guerras internas e externas, a peste negra, mudança de tronos e até mesmo um grande terremoto. Mas nada havia preparado o local para a grande mudança que viria em 1803 com a Mediatização Alemã. Com o fim do Sacro Império Romano-Germânico em vista, a maioria das propriedades da Igreja passaram a ser domínio estatal e, por consequência, secularizadas. Em outras palavras, o monastério foi dissolvido e transferido para outra região, mas a cervejaria manteve o seu funcionamento – até hoje. Por este motivo, o nome completo da cerveja traduzido ao português é Cervejaria Bávara Estatal Weihenstephan, hoje propriedade do estado bávaro.

Nos dias atuais, o local também funciona como uma universidade de estudos superiores para os bons amantes de cerveja. Todos os anos, são produzidos quase 40.000 da bebida mais famosa da região, com o carro-chefe da casa sendo as cervejas de trigo clara e escura. Nesta aventura milenar, uma coisa é certa: a grande vencedora foi mesmo a própria cerveja.

Com informações de: Breja Justa, Weihenstephaner e Wikipédia