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A Cervejaria Mais Antiga do Mundo – Parte 2

No mês passado, nós comentamos sobre a cervejaria mais antiga do mundo em atividade, com impressionantes 1.200 anos de funcionamento no sul da Alemanha, no antigo mosteiro de Weihenstephan. Hoje, trazemos a cervejaria mais antiga do planeta que se tem conhecimento, cuja idade, além de arrepiar, traz profundas descobertas sobre a dieta do Homem e sua relação com a agricultura.
Uma equipe de arqueólogos da prestigiada universidade norte-americana de Stanford, liderada pela pesquisadora chinesa Li Liu, encontrou em setembro do ano passado o “registro mais antigo de confecção de bebida alcóolica” que se tem conhecimento numa caverna em Israel – a produção, segundo a equipe, data os mirabolantes 13 mil anos de idade.
A caverna de Rakefet, lar dos antigos povos natufianos, onde hoje se localiza a região de Haifa, reabre a discussão que sempre permeou o meio acadêmico sobre o consumo de bebidas alcóolicas: aparentemente a cerveja não é um resultado da sobra da produção agrícola, mas um item tão antigo quanto o próprio pão. Nas palavras da pesquisadora: “esta descoberta indica que a produção etílica não era necessariamente o resultado de um excedente agrícola, mas era feito para propósitos ritualísticos e de necessidades espirituais, o que, de certo modo, é anterior à agricultura”.
Curiosamente, o grupo de arqueólogos não estava em busca de tal novidade, foi por acaso que encontraram essa fascinante descoberta. O objetivo inicial da pesquisa era compreender a dieta dos povos epipaleolíticos, daqueles homens e mulheres que viveram logo após o fim da Era do Gelo. Ao longo das análises das rochas, foram encontrados traços de produção alcóolica a partir de cereais como o trigo e a cevada.
Com as evidências encontradas no local, os pesquisadores puderam reconstituir o que seria a cerveja daquela época, o que também indica, além do aspecto, uma bebida com outros tipos ingredientes e de teor menos alcoólico. Diferentemente da cerveja que estamos acostumados a beber hoje em dia, com um líquido fino e filtrado, o processo trifásico e sem filtragem desta protocerveja resultava numa espécie de mingau alcóolico.
Segundo Jianjing Wang, doutoranda do Departamento de Línguas e Culturas Orientais da Universidade de Stanford e coautora do estudo, o fato desses achados terem sido descobertos no cemitério local indica não só a importância que a cerveja tinha para o antigo povo natufiano em seu dia a dia, como indica o elo entre que estes caçadores possuíam com seus ancestrais. Nas palavras da autora: “a confecção de cerveja era parte integral dos rituais e das festividades – mecanismos sociais regulatórios em sociedades hierárquicas”.
Uma conexão divina, um mecanismo de calibragem social e um motivo para festa: que a cerveja continue viva por mais 13 mil anos.

Com informação de: BBC, Science Direct e Stanford News

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A Cervejaria Mais Antiga do Mundo

Em nossa viagem etílica pelo globo, nós já demos algumas voltas nos bares mais antigos do mundo, incluindo um com mais de 1.200 anos de funcionamento em Salzburg, na Áustria. Não muito longe dali, no sul da Alemanha, por acaso reside a cervejaria em funcionamento mais antiga do planeta: conheça a magnífica história da Bayerische Staatsbrauerei Weihenstephan – ou apenas Weihenstephan, para os locais.

Como indicado no portal oficial da cervejaria, muito antes de sequer existir a Alemanha, o Sacro Império Romano-Germânico e o imperador Carlos Magno, nascia no ano de 725 o monastério beneditino de Weihenstephan sobre a colina Nährberg na cidade de Frisinga. Por ordem do milagroso São Corbiniano e seus doze discípulos, os monges passaram a cultivar lúpulo na vizinhança e lucravam com este cultivo ao produzir cerveja.

Duzentos anos mais tarde, em 955, o monastério passou por uma terrível crise ao ser saqueado por invasores húngaros que destruíram as plantações e o próprio edifício original da cervejaria. O resultado foi um longo e duradouro processo de reconstrução cujo desfecho mais alegre, um século mais tarde no ano de 1.040, foi a autorização da prefeitura de Freising para cultivar o lúpulo e vender a cerveja oficialmente à toda região.

Entre 1.040 e 1803, o local sobreviveu a todos os tipos de horrores e pragas da Idade Média. Dezenas de guerras internas e externas, a peste negra, mudança de tronos e até mesmo um grande terremoto. Mas nada havia preparado o local para a grande mudança que viria em 1803 com a Mediatização Alemã. Com o fim do Sacro Império Romano-Germânico em vista, a maioria das propriedades da Igreja passaram a ser domínio estatal e, por consequência, secularizadas. Em outras palavras, o monastério foi dissolvido e transferido para outra região, mas a cervejaria manteve o seu funcionamento – até hoje. Por este motivo, o nome completo da cerveja traduzido ao português é Cervejaria Bávara Estatal Weihenstephan, hoje propriedade do estado bávaro.

Nos dias atuais, o local também funciona como uma universidade de estudos superiores para os bons amantes de cerveja. Todos os anos, são produzidos quase 40.000 da bebida mais famosa da região, com o carro-chefe da casa sendo as cervejas de trigo clara e escura. Nesta aventura milenar, uma coisa é certa: a grande vencedora foi mesmo a própria cerveja.

Com informações de: Breja Justa, Weihenstephaner e Wikipédia