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Bom de copo Histórias da Cerveja

Do porto ao copo

Há mais de 300 anos, numa ilha muito distante do outro lado do Atlântico Norte, nascia uma cerveja escura que se tornaria um sucesso comercial mundial. Criada na Inglaterra durante um período recheado de intensas mudanças que ficou conhecido na História como a “Revolução Industrial”, havia uma classe de trabalhadores em particular que adotou a novidade negra como sua bebida favorita. Foram justamente estes homens e mulheres que trabalhavam nos portos que acabaram batizando a bebida: do inglês Porter, como é conhecida atualmente, o nome desta cerveja pode ser traduzido ao pé da letra como portuária.

O sucesso dessa bebida amarga, encorpada, ligeiramente ácida e de aroma doce cruzou o oceano e foi parar em solo americano. De acordo com a publicação All About Beer, tratava-se da cerveja favorita de George Washington – o primeiro presidente dos Estados Unidos, que havia declarado independência da Inglaterra em 1776.

Mas o tempo não foi amigo desta bebida. Por se tratar, a grosso modo, de uma mistura de outros três tipos de cerveja (Old Ale, Pale Ale e Mild Ale), a Porter acabou caindo em desuso com a invenção do malte tostado e perdeu terreno para uma versão ainda mais encorpada e amarga, apelidada de Stout Porter – que ao pé da letra significa Porter Robusta, ou forte. Com o sucesso crescente da Stout Porter marcando presença na Irlanda e o advento de novas tecnologias industriais surgindo a cada dia, um famoso cervejeiro irlandês chamado Arthur Guinness embarcou nesta onda comercial a fim de desbancar os ingleses e simplesmente fundou a maior cervejaria do planeta, a mundialmente famosa Guinness.

Aquela “Porter irlandesa mais forte”, conhecida como Stout Porter, acabou perdendo a sua característica portuária e seu nome foi abreviado para Stout apenas. Hoje, a principal diferença entre uma Stout e uma Porter se encontra principalmente, mas não exclusivamente, na qualidade do malte. Enquanto uma Porter utiliza cevada maltada, as Stouts utilizam a cevada torrada não maltada. Em outras palavras, poderíamos até dizer que as Porters são “o pai” das Stouts.

Segundo o portal Beer Advocate, especializado em publicações e crítica cervejeiras há mais de vinte anos, os copos ideais para se degustar uma porter são o pint – clássico inglês, com boca larga e com capacidade de cerca de 560 ml – e o mug – vulgo “canecão”.

Hoje em dia, as Porters retornam aos bares e ao consumo dos cervejeiros graças ao resgate dos apreciadores históricos. “Por sua versatilidade, as Porters são difíceis de serem desbancadas”, afirma o portal All About Beer. “Oferecem robustez por um lado, e por outro são agradáveis de se beber. Elas podem ser a epítome do equilíbrio ou uma cerveja escura e amarga, para os amantes do lúpulo. A gama de sabores numa Porter é quase incomparável em relação a uma cerveja comum. Ideal para um clima frio, modesta o suficiente para um clima quente, as Porters podem até perder em fama para as Stouts, mas são a verdadeira estrela para muitos”.

Com informações de: All About BeerBeer AdvocateLove Beer Love FoodThe Kitchn e Wikipédia

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