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Conheça 5 bares ao redor do mundo mais antigos que o próprio Brasil

Todo bom cervejeiro que se preze sabe que a arte de confeccionar uma boa cerveja é muito antiga. Mas se tem outra coisa que um bom cervejeiro entende ainda melhor, é justamente o respeito que nós, enquanto consumidores, temos por uma boa receita e a uma boa tradição na hora de entornar uma gelada.

Seja no boteco, num bistrô grã-fino ou naquela barraquinha na frente para a praia, cada qual tem um bar para chamar de seu. Por isso, hoje apresentamos cinco bares cuja tradição perdura há mais de 300, 500 ou – pasmem! –  até mesmo há mais de 1000 anos.

Confira abaixo 5 bares e restaurantes mais antigos que o próprio Brasil ao redor do planeta:

  • St. Peter Stiftskulinarium

        Localizado em: Salzburg, Áustria
        Idade: +1.200 anos

Curiosidade sobre o local: com o posto do restaurante mais antigo de toda a Europa, o primeiro documento que se tem registro sobre o local data do ano de 803. Incrustrado na Abadia de São Pedro de Salzburg e com uma majestosa entrada no estilo barroco, sentar-se em uma das onze mesas do local é garantia de uma viagem no tempo.

  • Sean’s Bar

         Localizado em: Athlone, Irlanda

         Idade: +1.100 anos

Curiosidade sobre o local: detentor do recorde mundial do bar mais antigo de toda a Europa ainda em funcionamento, o atestado de ouro do Livro Guinness dos Recordes confere à pequena cidade de Athlone, com pouco mais de 20.000 mil habitantes no interior da Irlanda, uma atração peculiar que recebe visitantes do mundo inteiro o ano todo. Beba uma tradicional pint quando estiver por lá.

  • The Bingley Arms

            Localizado em: Bardsey, West Yorkshire, Inglaterra

           Idade: +1.100 anos

Curiosidade sobre o local: outrora conhecido como “The Priest Inn”, ou Hospedaria do Padre em português, este classiquíssimo pub inglês também recebeu o selo Guinness dos Recordes por sua linda e próspera existência. Embora documentos evidenciem que este bar fosse inaugurado oficialmente no ano de 953, existem pequenas evidências que indicam que sua verdadeira abertura tenha sido quase meio século antes disso, em 905.

  • Staatliches Hofbräuhaus

Localizado em: Munique, Alemanha

           Idade: +400 anos

Curiosidade sobre o local: fundada no ano de 1589, mais ou menos no mesmo período da vinda dos portugueses ao Brasil, esta cervejaria oferece não apenas uma boa bebida, como também recebe seus clientes do século XXI com muita comida tradicional da Baviera. O casarão de três andares repletos de mesas e lustres pendurados são um charme à parte. Por conta da grande estrutura e da quantidade de salas oferecidas ali, é possível reservar um espaço particular, para você e seus amigos comemorarem exatamente como um alemão do século 16.

  • The White Horse Tavern

          Localizado em: Newport, Rhode Island, Estados Unidos

          Idade: +340 anos

Curiosidade sobre o local: mais antigo que o próprio Estados Unidos, esta taverna ainda fazia parte das propriedades da rainha da Inglaterra quando abriu suas portas em 1673. O casarão de cor escarlate, feito a antigo molde inglês à base de madeira, perdura até hoje em pé – assim como o seu estrito código de vestimenta. Para saborear uma boa cerveja, nada de mangas curtas ou shorts, é preciso estar, no mínimo, casual chic. Vai que a rainha passe por lá…  

 

 

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Quem não arrisca não petisca.

A cerveja Pilsner vem, é claro, da República Tcheca. No entanto, as coisas não são tão óbvias quanto parecem ser. Certa vez, os cidadãos de Pilsen ficaram tão insatisfeitos com sua cerveja que eles até derramaram-na toda na frente da prefeitura como forma de protesto. A partir daí, surgiu uma ideia brilhante.

Pergunte a um estrangeiro o que lhe vem à cabeça quando ele ouve as palavras “República Tcheca”. Sim, ele talvez responda “Skoda”, “Havel” ou “Praga”. Mas o que você, como cidadão tcheco, irá mais ouvir como resposta? “Cerveja”. Goste você ou não, é assim que funcionam as coisas.

Certamente, a cerveja já havia trilhado sua fama na Europa durante a Idade Média. Poder confeccionar a bebida era um dos maiores privilégios que uma cidade poderia ter. Se você pudesse fazer cerveja naquela época, você faria. A água dos poços públicos estava longe de ser limpa, por isso beber cerveja – ou pelo menos aquilo que se chamava de cerveja na época – era considerada uma opção mais segura. Levou-se muito tempo para que o mingau fermentado e turvo se parecesse com a bebida que conhecemos hoje.

Havia uma quantidade razoável de tipos de cerveja: as mais fracas eram bebidas no café da manhã; cada cidadão bebia, em média, três quartos de litro de cerveja por dia. A bebida era popular, com preços razoáveis e era encontrada facilmente. Mas ela era boa? Isso dependia. As ruas e praças abrigavam tabernas e cada local produzia a sua bebida da maneira que lhe convinha melhor.

Da sarjeta aos céus

A cidade de Pilsen, no oeste da Boêmia, não era exceção à regra. A arte de fazer cerveja surgiu desde a sua fundação em 1295. Os locais experimentavam a bebida com vontade e alegria nos mais de 260 estabelecimentos disponíveis. Os mais inventivos tentavam misturar uma série de ingredientes secretos, como ossos humanos moídos e pedaços de cordas. Não à toa que durante os tempos de Georg von Podiebrad (1478-1471), dizia-se que a cerveja local era “uma terrível mistura venenosa que produzia cálculos biliares e pontadas nos rins”.

Só que a cerveja local não foi melhorando com o passar do tempo. Muito pelo contrário: piorou. Se você estivesse, na época, à procura de uma cerveja mais palatável, você buscaria alguma outra proveniente da Saxônia ou da Bavária. Ao cabo, os aldeotas de Pilsen perderam a paciência com os produtores locais. Numa praça em 1838, eles derramaram 36 barris daquela mistureba horrorosa, intimando os produtores que “as coisas não poderiam continuar daquele jeito”. Em janeiro do ano seguinte, um plano simplesmente engenhoso foi bolado no encontro de cidadãos na prefeitura. Decidiu-se fundar conjuntamente uma fábrica de cerveja grande e moderna. A construção começaria de imediato e depois de apenas três anos de trabalho coletivo, a fábrica abriu suas portas sob o nome de Cervejaria Municipal de Pilsen (em tcheco: Měšťanský pivovar Plzeň).

Os fundadores não tinham grandes ambições. Os locais queriam apenas confeccionar uma cerveja robusta, de qualidade ao estilo bávaro. Para tal, eles chamaram o mestre cervejeiro Josef Groll de Vilshofen, cidade próxima à Passau.

A primeira leva, servida em novembro de 1842, saiu com gosto diferente do que o povo estava esperando: saiu ainda melhor do que o imaginado. Graças à combinação do lúpulo de Saaz, a água suave de Pilsen e o malte leve, esta não era apenas uma cerveja bávara, mas sim uma lager dourada de baixa fermentação. Durante a prova inaugural, dizia-se por aí que a bebida tinha “um sabor forte, excelente, desconhecido no mundo da cerveja”. Não é de se espantar, portanto, que ela rapidamente se espalhou por todos os bares de Pilsen e, em pouquíssimo tempo, também havia alcançado os estabelecimentos de Praga e Viena.

O mestre cervejeiro Josef Groll confirmou, portanto, um velho princípio conhecido: quem não arrisca não petisca. Graças aos novos ingredientes, ele tinha criado uma cerveja Pilsner completamente nova. Hoje, trata-se do tipo de cerveja mais vendido em todo o mundo.

 

Autora: Zuzana Lízcová / Goethe-Institut.

Texto sob licença Creative Commons para fins não-comerciais – Traduzido e editado do inglês ao português.

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Lata na mão, uma grande invenção.

Não há nada melhor do que encerrar um bom dia de expediente, chegar em casa e ouvir a sua música favorita, ao vivo: o som de uma lata de cerveja se abrindo. Ainda que para você este prazeroso ritual possa ser uma coisa trivial, do dia a dia, saiba que você é um(a) sortudo(a). Há pouco mais de 80 anos, isto seria impossível.

De acordo com o portal Brewery Collectibles Club of America, o aniversário oficial da lata de cerveja é o dia 24 de janeiro de 1935, dia em que a primeira lata de cerveja foi comercializada nos Estados Unidos. Naquela época, uma lata de cerveja continha 3,2% de álcool, o máximo permitido após a abolição da Lei Seca no país.

Gosto metálico.

Para se ter uma ideia do quanto as latas de cerveja evoluíram de lá para cá, as primeiras bebidas portáteis eram vendidas como muitos alimentos comercializados ainda hoje no Brasil: em latas grossas onde é necessário um abridor de latas para abri-las. Entre as principais queixas dos consumidores da época, o gosto metálico em decorrência do atrito do material com o abridor e a excessiva perda de gás carbônico nesta abertura eram um dos principais fatores de rejeição para este tipo de consumo.

Entre 1942 e 1947, a produção de latas de cerveja foi interrompida nos Estados Unidos por conta da Segunda Guerra Mundial. Já em 1958, as novas latas de alumínio – mais baratas e ainda mais leves – foram introduzidas pelos norte-americanos ao mercado mundial.

O grande desafio tecnológico era poder manter a qualidade da bebida dentro de um recipiente que aguentasse a sua pressão e mantivesse o seu frescor ao máximo. Foi somente em março de 1963 que a então cervejaria Pittsburg Brewery Company trouxe o inovador “Pop Top”, ou lata “abre fácil”. Similar aos abridores atuais, o “pop top” constituía de uma abertura na qual todo o anel e parte da lata eram removidos na abertura. Doze anos mais tarde, em 1975, o mundo conheceria o anel de cerveja nos padrões atuais: sem alterar o gosto da bebida com um abridor e mantendo ao máximo as características originais da cerveja, as latas vieram para ficar.

Por isso, hoje, ao chegar em casa e celebrar a mais um dia vencido de trabalho, não se esqueça de brindar aos homens e mulheres que deram seu suor e dedicação à essa maravilhosa tecnologia que acabou mudando a maneira como consumimos e apreciamos a nossa bebida favorita.

 

Com informações de: Brewery Collectibles Club of America, The Spruce Eats e Wired

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Descubra qual a ligação entre Santo Agostinho e cerveja!

Dia 28 de agosto é comemorado o dia de Santo Agostinho, em homenagem a um dos maiores filósofos e teólogos da Igreja Católica, importantíssimo para a construção da filosofia ocidental e da sustentação da fé cristã em todo o mundo. 

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Corra para o bar

Beber cerveja e praticar esportes – quem diria – tem tudo a ver. Segundo o ex-jogador de basquete da seleção espanhola e atual cardiologista, Juan Antonio Corbalán, a cerveja é uma excelente fonte de recuperação de perdas hídricas ao se realizar intensas atividades esportivas. O estudo apresentado em 2009 ao Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) tem como base pesquisas de diversas áreas da Universidade de Granada.

O método:

“Um grupo de sujeitos foi submetido a um protocolo de exercício extenuante (60 minutos de corrida na esteira a 60% da velocidade aeróbica máxima) e em condições de elevada temperatura ambiental (35ºC e 60% de umidade relativa do ar). Este exercício, ainda que realizado em laboratório, reproduzia uma prática esportiva ao ar livre realizada no verão”. Enquanto em uma das provas os atletas se hidratavam com água, em quantidade determinada pelo próprio esportista, na outra se hidratavam com 660 ml de cerveja e água.

Surpresa!

“Ao analisar uma série de parâmetros indicativos do nível de hidratação, composição corporal, endócrinos-metabólicos e psicocognitivos (coordenação, atenção, discernimento, tempo de percepção-reação, campo visual…) suscetíveis de estarem influenciados pela cerveja e/ou o álcool que esta contém, imediatamente após o exercício ou até três horas depois, não foi encontrado nenhum efeito que a faça ser desaconselhável. Ao contrário, a cerveja permitiu recuperar as perdas hídricas e as alterações determinadas pelo exercício na mesma medida em que a água. Na realidade, vários destes parâmetros [analisados] tiveram um comportamento ligeiramente melhor quando se consumiu cerveja em relação ao que ocorreu com o consumo de água apenas”.

O estudo também sugere que o consumo moderado de cerveja poderia ser considerado, afinal, como um método seguro de hidratação após as práticas esportivas. Em outras palavras, cerveja e esporte não deveriam ser vistos como “antagônicos”, senão como complementares.

De todo o modo, vale ressaltar que o consumo moderado é o ponto-chave para o bom funcionamento desta inusitada parceria. A mesma pesquisa que autoriza o álcool adverte que a moderação, tanto do cosumo alcoólico quanto da prática de esportes, deve ser obedecida a fim de proporcionar um estilo de vida saudável e harmonioso.

Com informações de: Cerveza y Salud

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Bom de Memória

Se por acaso você se esqueceu de tomar a sua cerveja no final de semana, nós do Bom de Beer tomamos a liberdade de lembrá-lo(a) sobre os benefícios da bebida. Afinal, uma boa notícia merece sempre um brinde. Agora, se você anda se esquecendo de tudo e mais um pouco à sua volta, é melhor ler esta boa notícia com atenção, pois recomendamos dois brindes. Veja só o porquê.

De acordo com pesquisas da Faculdade de Medicina da Universidade de Chicago, EUA, promovidas no ano de 2011, beber cerveja moderadamente diminui em até 23% as chances de se desenvolver Alzheimer ou doenças similares. A conclusão foi feita após a análise de mais de 143 pesquisas, envolvendo cerca de 365.000 casos particulares. O benefício foi observado tanto para homens quanto para mulheres e mostrou-se significativamente adequado dentro dos padrões consumo de 14 dos 19 países estudados.

A definição de “beber moderadamente”, segundo a própria Universidade de Chicago, é de um drinque diário para as mulheres e até dois drinques diários para os homens, sendo um drinque definido como “12 onças líquidas americanas” ou 350 ml no padrão brasileiro. Caso os seus olhos tenham revirado com tantos números e conversões, a gente dá a letra: elas podem (em média) beber 350 ml e eles até 700 ml por dia (dependendo do tamanho e peso do consumidor). O motivo de tamanha desigualdade é o fato de cada corpo metabolizar o álcool de maneiras diferentes, neste caso – infelizmente – azar o delas que metabolizam o álcool mais devagar.

Em contrapartida, os beberrões poderão observar o tiro sair pela culatra, caso saiam por aí enchendo a lata na esperança de nunca mais esquecer um compromisso: beber excessivamente (entre três e cinco drinques diários) ficou associado com o maior risco de se desenvolver demência e disfunções cognitivas no futuro. O mesmo vale para fumantes e pessoas com outros tipos de doenças associadas à intolerância ao álcool ou diabetes, por exemplo.

Nas palavras do autor deste estudo, Michael A. Collins, PhD pela Universidade de Chicago, “o estudo não coloca o ponto final à questão, mas traz o quadro mais completo [da relação álcool x demência] que se tem por aí”. Para nós, apreciadores do bom copo consciente, tai algo que não deverá ser esquecido tão cedo…

Com informações de Alzinfo.org, HealthDay.com, Universidade de Chicago (EUA)

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Cerveja abençoada

Que o mundo da cerveja possui uma forte tradição masculina todos nós já sabemos. A cerveja trapista, confeccionada por monges belgas da congregação católica de mesmo nome já não causa nenhum alvoroço. Agora, pergunte aos seus amigos e amigas se eles conhecem alguma freira que produz cerveja? Seguramente muitos arregalariam os olhos. Por isso, hoje lhe apresentamos a Irmã Doris, a última irmã cervejeira da Europa.

Lar dos monges beneditinos, a Abadia de Mallersdorf e suas muralhas medievais situadas na Bavária, no sul da Alemanha, contam com mais de 200 anos de tradição em produção e venda de cerveja. No último meio século, essa produção resiste graças às mãos habilidosas da mestre-cervejeira Irmã Doris Engelhard.

Quando menina, a pequena Doris estudou num colégio católico ligado à abadia e tinha planos de tornar-se freira após a graduação. Sob influência de seu pai, que desejava um futuro no mercado tradicional de trabalho para a filha, a jovem Doris decidiu estudar agronomia. Por sugestão da madre superiora, Doris acabou realizando sua graduação em produção de cerveja e, após um período probatório de três anos, ela fez os votos para se tornar a Irmã Doris.

Atualmente, Irmã Doris é encabeçada por produzir 80.000 galões de cerveja todos os anos. Desse volume, quase um quinto de toda a produção é reservada para as irmãs da ordem franciscana e seus empregados. Nos dias de trabalho na cervejaria, Irmã Doris acorda às três horas da manhã e é dispensada de suas rezas diárias. Entre suas criações estão: maibock, doppelbock e zoigl escura.

Além da particular realidade em seu quadro de trabalhadores, a cervejaria da Irmã Doris trabalha sem a ajuda de conservantes e não exporta para fora da região. Por isso, se você um dia quiser provar esta cerveja abençoada, o caso é ir in loco à pequena vila de Mallersdorf-Pfaffenberg.

De acordo com Irmã Doris, em entrevista para o portal The Atlantic, não há qualquer tipo de relação pecaminosa entre seu ofício e seu estilo de vida: “eu acredito que Deus recebe as minhas orações e me aceita do jeito que eu sou. Você pode servir a Deus em qualquer lugar, não importa a sua profissão” e conclui: “eu amo beber cerveja. Cerveja é a bebida alcoólica mais pura de todas… trata-se de uma bebida muito saudável se você não exagerar”.

Amém, Irmã Doris, Amém!

Com informações de CNN, Draft Mag, The Atlantic e The Drinks Business  

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O Amor Está no (B)Ar!

Não tem para onde fugir, não tem como escapar: para todo lado que você virar, onde quer que olhe, corações espalhados pelas vitrines e imagens de casais apaixonados recheiam as ruas da cidade. E mesmo que você evite sair de casa nesses dias, certamente a sua timeline também estará inundada com apenas um assunto: Dia dos Namorados.

Comemorado no dia 14 de fevereiro na maioria dos lugares do mundo, o Dia de São Valentim faz uma homenagem ao bispo Valentim, que desafiou as ordens do imperador romano Claudio II, o Gótico, e sentenciado à morte por se casar mesmo sob proibição real, foi canonizado pelo papa Geládio em 496 d.C. O mártir do amor, segundo a lenda, enviou uma carta de despedida à amada: originando a famosa troca de bilhetinhos e juras eternas neste dia.

Uma versão menos romântica e um tanto sinistra diz respeito à uma antiga tradição romana, uma festa pagã chamada Lupercalia, que acontecia também no mês de fevereiro. Em comemoração ao fim do inverno no Hemisfério Norte e passagem para o calor e a primavera, os antigos romanos pré-cristãos sacrificavam animais e faziam adoração aos sacerdotes purificadores de maus espíritos. O ritual não pegava nada bem para a Igreja Católica que acabou o substituindo, quase dois séculos depois, pela história de Valentim.

Brasil do Contra

Nem sacrifícios de animais e nem São Valentim. Apesar de importar a língua, a religião e diversos costumes dos portugueses, o brasileiro acabou se apegando mesmo à figura de Santo Antônio de Pádua – o santo casamenteiro. Comemorado oficialmente no dia 13 de junho em todo o mundo católico, o Dia de Santo Antônio de Pádua foi o ponto de partida para que o então publicitário João Dória (pai do atual prefeito da cidade de São Paulo) criasse uma data que estimulasse o comércio nacional. Em 1949, com o slogan “não é só com beijos que se prova o amor”, a véspera do santo casamenteiro acabou ganhando adeptos por todo o Brasil.

Hoje, o Dia dos Namorados representa a terceira maior data comercial no país, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Segundo o último relatório produzido pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de 2017, espera-se que mais de 1,6 bilhões de reais sejam movimentados em decorrência do amor.

Para você que está casando, namorando, enrolando ou simplesmente paquerando, parabéns: o amor está no ar. Já você que está solteiro ou solteira, é hora de caçar a sua metade da laranja. Pois felicidades: o amor está no bar.

Com informações de BBC Brasil e Governo Brasileiro

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Cervejoduto

No princípio era o aqueduto e o aqueduto estava com o povo. Todas as águas eram transportadas por lá, através de suas pontes exuberantes ou simples construções que traziam prosperidade, segurança e alimento às lavouras. Fosse no famigerado Império Romano, na Grécia antiga ou na dinastia Zhang de Han, no império chinês, onde havia água, haveria de ter um aqueduto. Com o tempo e a evolução tecnológica, o transporte tubular foi se sofisticando e trazendo outros importantíssimos recursos naturais, como o gás, o petróleo e – por que não? – cerveja. Isto mesmo: cerveja.

A notícia não é nova, mas pode causar espanto a quem nunca tenha ouvido falar em cidades ou regiões específicas no mundo em que encanamentos especializados levam a nossa bebida favorita direto à uma torneira sagrada. Alguns dos exemplos mais famosos atualmente se encontram na Europa: as cidades de Bruges (Bélgica), Randers (Dinamarca) e Gelsenkirchen (Alemanha) todas possuem um sistema de transporte de cerveja especializado, apelidado aqui carinhosamente por “cervejoduto”.

Por debaixo da turística e medieval Bruges, um encanamento de mais ou menos três quilômetros atravessa a cervejaria De Halve Maan e leva o líquido sagrado para o outro lado da cidade, direto à fábrica de engarrafamento sem – com o perdão do trocadilho – engarrafamento nenhum ao longo do caminho. Isto é, são 12.000 garrafas de cerveja enchidas a cada hora através deste método incomum. Segundo Renaat Landyut, então prefeito da cidade, relatou ao jornal inglês The Guardian, sua primeira reação sobre a construção do cervejoduto foi de espanto: “Oh meu Deus! Mas o que eles estão pensando?”. Mas ao perceber que isto reduziria dramaticamente o número de caminhões específicos para este tipo de transporte e a drástica diminuição de emissão de CO2 no ar, eventualmente acabou topando o projeto mirabuloso.

“Ah, mas não era bem isso o que eu estava imaginando”, deve se indagar o leitor ou a leitora, desapontado(a) com a ideia de não haver um encanamento de cerveja ligado direto com o copo do consumidor. Pode ficar tranquilo, tem mais.

A cidade de Gelsenkirchen, lar do clube de futebol FC Schalke e seus 200 mil habitantes, poderá vibrar ainda mais feliz cada partida vencida ou simplesmente afogar as mágoas nas tristes derrotas. Isto porque a Veltins-Arena, o estádio local com capacidade para 60 mil espectadores, possui exuberantes cinco quilômetros de rotas subterrâneas, recheados de canos de cerveja. Conectados com um reservatório adequado às ocasiões, são cerca de 52 mil litros da bebida despejados diretamente no copo dos fãs a cada partida. Isto é o que chamados de gol.

Se antigamente apenas os recursos mais básicos e necessários eram transportados pelos aquedutos e posteriormente aperfeiçoados com a graça da vontade humana e muita tecnologia, nós cervejeiros e cervejeiras do mundo só podemos sentir orgulho de contribuir com esta demanda por soluções mais práticas, energicamente limpas e divertidas.

Por fim, uma coisa é certa: nunca se esqueça de fechar a torneira. Consumo bom é um consumo com responsabilidade.

Com informações de: Broken Secrets, SCM Transportation, The Guardian e Wikipédia

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Faça Cerveja, Não Faça Guerra: Um Oktoberfest na Palestina

Um judeu de Israel, um cristão do oriente e um muçulmano da Palestina reunidos ao redor de um chope: a imagem pode parecer ficção, mas trata-se da realidade do Oktoberfest de Taybeh, um vilarejo bíblico milenar situado a uns 30 km ao norte de Jerusalém —

Encravada sobre uma colina rodeada de campos de oliva, a pequena Taybeh é o último local considerado inteiramente cristão dentro dos territórios palestinos ocupados (incluindo a Cisjordânia e a faixa de Gaza). Todos os anos no começo do outono, cerca de quinze mil pessoas do mundo inteiro vão à Taybeh só para participar do festival. No programa tem-se: degustação de cerveja artesanal durante o dia e shows de música à noite, tudo dentro de um ambiente amigável e descontraído. À primeira vista, não é possível diferenciar este Oktoberfest dos outros festivais homônimos espalhados na Alemanha e no resto do mundo.

A emissora de televisão francesa Canal+, na época cobrindo a 12ª edição do evento numa reportagem emocionante, trouxe luz à uma realidade distinta da habitual retratada zona de conflito, na qual a menor das manifestações culturais ganha necessariamente uma dimensão política e/ou polêmica. Para os organizadores, o festival surge como uma resistência pacífica ao conservadorismo religioso e, sobretudo, à ocupação israelense.

Pioneiros da cerveja palestina

A origem deste Oktoberfest se encontra na família Khoury. Vivendo uma vida de refugiados em Massachusetts, nos Estados Unidos, os dois irmãos Nadim e Davd Khoury decidem voltar à Taybeh, sua cidade natal, durante os acordos de paz de Oslo em 1993. Estimulados pelo pai, eles decidem concretizar um projeto que até então era impossível: abrir sua própria cervejaria artesanal na Palestina.

Em 1994, após obterem uma autorização pessoal de Yasser Arafat (presidente da Autoridade Palestina na época), os Khoury investiram mais de 1 milhão de dólares na criação da cervejaria Taybeh, que daria luz à primeira cerveja de mesmo nome no ano seguinte.  Segundo o portal RateBeer, a cervejaria já conta com 12 variedades da bebida.

Hoje em dia, os filhos Canaã e Madis assumiram grande parte do negócio, tornando Madis provavelmente a única mulher produtora de cerveja em todo Oriente Médio. A empresa familiar produz cerca de 600 mil litros de cerveja por ano e atualmente exporta para uma dezena de países do Ocidente.

Uma vez que a publicidade alcóolica é completamente proibida nos territórios ocupados, os Khoury optaram por uma via local, no boca a boca, replicando a célebre fórmula alemã da Oktoberfest para promover sua marca. Para esta família, este festival representa também a chance de atrair os olhos da comunidade internacional para a diáspora dos cristãos no Oriente e as ameaças religiosas que eles enfrentam por lá.

Apesar das diversas dificuldades que eles encontram ao longo do caminho, incluindo a escassez de água para produção de cerveja no meio do deserto, a excessiva taxação do produto pelo governo local, os embates e barreiras religiosas que eles têm que enfrentar todos os dias, os Khoury continuam a prosperar graças ao seus próprios esforços e ao festival de cerveja. Segundo Maria Khoury, a escrivã da família: “num ambiente onde não se sabe jamais o que o amanhã nos reserva, reunir-se neste festival é a única certeza do próprio amanhã”.

*Texto original publicado por Rue89Lyon, de autoria de Vincent Grange. O conteúdo foi traduzido e adaptado para o portal Bom de Beer.