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Bom de copo Estilos de Cerveja

Gostinho do chope bom

Ah, o verão! Época de sair pelas ruas e aproveitar seus longos dias quentes e noites amenas, regadas a um bom papo, chope e petisco. Mas você já parou para pensar por que um chope é assim tão gostoso e como ele é “tirado”? A pergunta pode parecer absurda, mas por trás desta cremosidade, existe toda uma física complexa que explica o sabor único desta bebida tão amada pelos brasileiros.

Neste outro post aqui, comentamos exatamente qual é a diferença entre o chope e a cerveja. Embora o tema seja um pouco mais complexo do que vem a seguir, devido à adoção de processos de pasteurização atuais, basicamente – mas longe de ser apenas isso – “a cerveja comum passa por um processo de aquecimento seguido por um resfriamento abrupto para eliminar todos os possíveis micro-organismos presentes no líquido, enquanto o chope é servido ‘como veio ao mundo’. Em linhas gerais, mesmo que a cerveja e o chope sejam feitos das mesmas matérias-primas, o fermento do chope se encontra vivo (sim, enquanto você degusta) e o fermento da cerveja morto”.

Esta cerveja viva, não-pasteurizada, fica armazenada em barris e possuem uma vida média de 10 dias. Quando chegam ao bar, estes barris são ligados aos cilindros e às torneiras e lá realizam a sua mágica.

As mangueiras plásticas levam o chope ao pré-resfriador, numa tubulação de aço inoxidável de apenas 5 milímetros. Neste vai e vem metálico, o chope passa literalmente por dezenas de metros (entre 10 e 50) dentro do cilindro envolvido por um líquido resfriado. Em chopeiras mais antigas (ou mais tradicionais), esse líquido resfriado nada mais é do que gelo.

Num esquema texto-visual, temos: um cilindro de gás carbônico controlado por um regulador de pressão, que por sua vez está ligada às serpentinas, válvula extratora e ao barril de chope.

Para os mais aficionados pela mecânica em si, segundo o portal Superinteressante, o chope deve ser tirado a 2,5 kgf/cm². Ou seja: para cada centímetro quadrado, o cilindro deposita o peso de dois quilogramas-força e meio. Trata-se da “medida ideal do empurrão” que o cilindro de gás carbônico exerce sobre o líquido precioso. Já para o colarinho, podemos aumentar um pouco esta pressão para 3,5 kgf/cm² e completar o copo com um charme que só o chope tem.

Mas não se preocupe se a parte matemática não entrar na sua cabeça. A última coisa que o bar vai te pedir é uma lição de casa.

Com informações de: Catira, Mundo Educação e Superinteressante

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Bom de copo Estilos de Cerveja

Rauchbier

Você já ouviu falar em “cerveja defumada”? Não? Pois bem: apresentamos-lhe a Rauchbier – cuja união das palavras “Rauch” e “Bier”, em alemão significam literalmente “fumaça” + “cerveja”.

Segundo as diversas lendas que circulam por aí sobre a origem desta iguaria, uma em particular é uma história trágica com final feliz. Diz-se que um cervejeiro alemão, pobre na época, sofreu com um incêndio em sua produção de malte e, embora a plantação de cevada estivesse praticamente contaminada com a queima do acidente, este resolveu produzir cerveja com o material que sobrou mesmo assim. Ao contrário do que podia esperar, o líquido caramelo defumado caiu no gosto das gentes, de forma que um novo estilo de bebida seria cunhado a partir de então.

Para além da fantasia, é muito provável que a cevada – que passa por um processo de secagem para se produzir cerveja – tenha se secado em demasia, ou mesmo suscetível às condições de armazenamento numa época em que o fogo era utilizado como forma de secagem em regiões frias, como a própria Alemanha.

Hoje em dia, ao invés de se utilizar as tradicionais lenha e fogueira na produção, tem-se a possibilidade de brasear o malte com combustíveis fósseis em fornos devidamente adaptados para este processo. Outros cervejeiros mantêm-se à tradição e preferem o contato direto da fumaça natural, sem um controle tão rígido sobre a dessecação.

Nos quesitos mais técnicos, esta Lager possui um gosto característico defumado, de cor caramelo escuro a negro e deve ser servida, preferencialmente, entre 5 e 7 graus positivos num copo tipo caneca. Ao contrário do que o senso comum possa presumir, uma Rauchbier em geral não é tão amarga quanto parece: numa escala de 0 a 120 em IBU (em português Unidade Internacional de Amargor), este tipo de cerveja varia entre os 20 e 30 pontos – um valor nada fora da média, abaixo, por exemplo, de uma IPA tradicional.

Como diria o velho ditado: onde há fumaça, há cerveja.

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Bom de copo Histórias da Cerveja

Conheça o Kvass, a “cerveja” da Rússia.

O processo de fermentação para a produção de bebidas não é novidade. Desde milênios antes de Cristo, diferentes povos fermentavam grãos, cereais e frutas, dando origem, por exemplo, ao vinho, ao saquê e à cerveja.

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Oud Bruin – Uma Senhora Belga

Nascida no século XVII, esta quatrocentona da região de Flandres, no norte da Bélgica, surgiu com um propósito: testar a paciência dos jovens. Por ser uma cerveja de maturação lenta, seu processo de fermentação pode levar semanas, seguido de meses de envelhecimento após seu engarrafamento. Entre confeccioná-la e prová-la, o brinde pode demorar até um ano inteiro. Também conhecido como Flanders Brown Ale em inglês, o estilo Old Bruin – que significa literalmente “velho marrom”, em português – faz parte da família das cervejas de alta fermentação, mas é mais conhecido pelo seu sabor ácido, ligeiramente “azedo”, graças aos processos naturais que esta bebida enfrenta ao longo de sua vida. Contrárias à prima Flanders Red (Flandres Vermelha) que é envelhecida em barris fechados de carvalho, as “velhas marrons” ganham corpo em recipientes abertos. O produto a ser maturado ainda pode sofrer modificações antes de ser engarrafado – como por exemplo a mistura de ingredientes, como ervas e outras bebidas – caracterizando-se como uma cerveja, por vezes, híbrida. De coloração marrom-escura, com uma espuma firme e aroma doce, é possível encontrar uma Old Bruin entre 4% a 8% de álcool (ABV). A bebida harmoniza com queijos mais fortes e é ideal para ser consumida num dia de calor – uma vez que sua acidez garante ainda mais a sensação refrescante. Se pararmos para pensar, realmente vale a pena esperar. Pois como dizia o ditado: idade e experiência valem mais do que a adolescência. Com informações de: Beer Advocate, Destino CervejeiroWikipédia  

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Uma cerveja para guardar

Somos privilegiados. Ter nascido no século XX e XXI significa que você pode consumir a sua cerveja favorita durante o ano inteiro. Faça chuva ou faça sol, basta dar um Google para encontrar uma loja mais próxima (ou fazer um delivery com o seu smartphone) e encomendar a sua gelada preferida. No entanto, as coisas nem sempre foram assim.

Conhecida como bière de saison, ou “cerveja da estação”, este estilo de cerveja ganhou este nome por ser produzida única e exclusivamente durante uma época específica do ano na região da Bélgica e norte da França. Em geral, as melhores cervejas eram produzidas no começo do inverno, quando as temperaturas e a luz do sol baixam consideravelmente na Europa, e por meses a fio maturavam em barris de cerveja – sendo consumidas apenas seis meses depois, com muito gosto no calor do verão.

Embora possa soar como uma verdadeira provação ao cervejeiro moderno ter que esperar meio ano para beber a sua bebida favorita, esta longa espera tem um motivo claro e nobre: controle de qualidade. Pelo fato de não existir tecnologia na época para refrigerar um ambiente e manter o controle da temperatura na hora da produção, confeccionar uma cerveja durante o frio do inverno era sinônimo de garantia do produto final. Em outras palavras: a máxima “antes tarde do nunca” era aplicada à risca aqui.

Hoje, graças ao advento da tecnologia, este tipo de cerveja é produzido durante o ano inteiro – mas assim como antigamente, é possível encontrar produtores locais que fermentam a bebida em barris de madeira e a armazenam em garrafas fechadas à rolha de cortiça, tal qual uma bebida saída do século XIX.

Ficou curioso para provar? Um tipo famoso de cerveja da estação é a bière de garde, ou “cerveja de guarda”, produzida no norte da França. Com alta graduação alcoólica, que varia entre 6% e 9% ABV em média, esta Pale Ale encorpada e com amargor presente é ideal para ser consumida num copo estilo pint.

Com informações de: All About Beer, Rate Beer, Revista da Cerveja

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Bom de copo

O dobro, o triplo e o quádruplo do gosto

Do macro para o micro: Europa > Bélgica > monges trapistas > cerveja > família Ale > Dubbel.

Europa, onde se encontra este pequeno país chamado Bélgica, de apenas 30.500 km² – equivalente ao estado de Alagoas e mais um pouquinho que, apesar do diminuto tamanho, esta nação possui uma longa e rica história com a nossa bebida favorita.

Monges trapistas, oficialmente conhecidos como a Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância, cuja congregação católica nasceu em 1662, fundada por Armand-Jean Le Bouthillier de Rancé.

Cerveja trapista, um dos meios de subsistência dos mosteiros, que se tornou hoje símbolo de excelência na confecção de cerveja. Atualmente, seis dos onze monastérios que produzem a cerveja trapista se encontram na Bélgica e os outros cinco espalhados pela Holanda, Áustria, Estados Unidos e Itália.

Família Ale, é o nome genérico que se dá às cervejas de alta fermentação, onde as leveduras fermentam em temperatura maior (entre 15ºC e 25ºC), se comparada às bebidas de baixa fermentação (5ºC a 14ºC). Por este motivo, mas não só, as cervejas da família Ale tendem a ser mais alcóolicas, frutadas e escuras.

Dubbel é o nome dado a um estilo específico de cerveja Ale, criado pelos monges trapistas em 1856 com a base numa bebida “duas vezes mais forte” do que eles produziam anteriormente – a cerveja Enkel. Por isso, “dubbel” recebe a alcunha de “o dobro” em neerlandês – língua oficial do país, além do francês.

Entre as principais características da Dubbel estão o alto teor alcóolico (6-8% de álcool), cor marrom escura, amargor que remete à um fundo caramelizado e de frutas secas.

Em 1934, monges de Westmalle – outro dos seis monastérios autorizados a marcar suas bebidas com o selo de autencidade trapista – resolveram incrementar a receita dobrada ainda mais, intensificando o teor alcóolico (em 9,5%), com um resultado visivelmente claro e com aromas de frutas amarelas. À esta benção, deram-lhe o nome de Trippel – ou “o triplo”.

E como o céu é o limite, quase 60 anos após a invenção da Trippel, ou 140 anos após a invenção da Dubbel, foi a vez da Holanda, com o mosteiro Konigshoeven, lançar a “quatro vezes mais potente” cerveja Quadruppel – uma bebida forte com mais de 10% de álcool que seria, a princípio, para o consumo regular apenas no inverno. Mas devido ao seu sucesso, ela chegou para a ficar e hoje configura como um subtipo do rico e variado menu trapista.

Segundo especialistas consultados para o Portal G1, as cervejas Dubbel e Quadruppel harmonizam com carnes intensas, como carnes de caça (carneiro e pernil, por exemplo) e outros pratos mais pesados. Já para a versão mais clara do time, a Trippel, recomenda-se harmonizar a bebida com uma massa que leve molho pesto consigo.

Seja qual for o seu estilo, jogue suas mãos para o céu e agradeça a estes pequenos milagres criados por gente tão sábia e estudiosa quanto os monges belgas e holandeses.

Com informações de: Mundo Blá, Portal G1 e Wikipédia

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Direto dos campos da Bélgica

Você já ouviu falar na cerveja estilo Lambic? Ela faz parte das categorias das cervejas Ales (de alta fermentação) e estão apropriadamente dentro do grupo das bebidas elaboradas com trigo em fermentação espontânea. Mas o que isto significa?

Para os(as) apreciadores de cervejas especiais, as cervejas de trigo trazem geralmente a agradável surpresa do baixo amargor por conta da baixa presença de lúpulo. Sua aparência é um pouco escura, por conta da não-filtração, assim como pode conter alguns resquícios de sedimentos no fundo da garrafa. Igualmente surpreendente é o seu baixo teor alcóolico (cerca de 5%) e o sabor mais ácido da Lambic – o que a torna bem refrescante.

Segundo o portal Cervezas del Mundo, este estilo nasceu e é exclusivo da Bélgica – país notoriamente consolidado por sua tradição cervejeira – há mais de 400 anos. Ainda de acordo o portal mencionado, as Lambic nasceram nos vales próximos à capital Bruxelas, provavelmente na cidade de Leembek, de onde teria sido cunhado oficialmente o seu nome.

Entre outras características únicas, as Lambic levam anos para serem elaboradas, mas são consumidas, em geral, jovens – em até seis meses, na pressão. A partir de seis meses, elas são cunhadas como Lambic envelhecidas. Para serem consumidas em garrafas, é necessário esperar um bocado: por conta de sua fermentação espontânea, as cervejas só são postas em garrafas após terem fermentado por completo.

Entre os diversos tipos de Lambic, as mais frutadas e de estilo gueze são conhecidas pelo seu alto teor de gás. Assim como os espumantes, estas cervejas são engarrafadas com rolhas de cortiça e devem ser servidas em baixas temperaturas, entre 4ºC e 8ºC, ou segundo indicação do fabricante.

Para apreciar melhor a sua Lambic, sirva-a num copo estilo tulipa. Ao abrir, evite chacoalhar a garrafa ou fazer movimentos bruscos, pois poderá perder uma porção considerável da bebida em espuma. Não se esqueça do colarinho!

 

Com informações de: Cervezas del Mundo, Wikihow e Wikipedia

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Doppelbock: Uma criação divina?

Deus escreve certo por linhas tortas, isto já é sabido. Mas teria sido Ele o grande mestre cervejeiro, num plano mirabolante e milenar, com o objetivo de criar o estilo de cerveja Doppelbock?

Voltemos ao início desta confabulação etílica: o jejum cristão – proposto no início da Quaresma como o caminho físico e espiritual de reconhecimento aos quarenta dias enfrentados no deserto por Jesus – tornou-se uma das três práticas penitenciais da tradição bíblica, ao lado da oração e da esmola. Seguindo tais valores à risca, o eremita São Francisco de Paula (1416-1507) fundou a Ordem dos Mínimos, desprezando tudo o que fosse efêmero e desnecessariamente acumulativo ao corpo e ao espírito.

Por ser amado pelos pobres e venerado pelos ricos, os monges de S. Francisco de Paula também seguiam as tradições do antigo eremita e jejuavam com certa frequência.

Okay, mas o que isso tem a ver com cerveja?

Ao contrário de Jesus que acabou multiplicando os pães para saciar sua fome e a fome de seu povo, os monges de S. Francisco de Paula da Baviera não manifestavam este poder e se nutriam durante os períodos de proibição de ingestão de comidas sólidas com cerveja. Foram eles que acabaram desenvolvendo um “pão líquido”, como era chamada a bebida fortemente alcóolica e doce – a tal da doppelbock – como uma forma de “comer sem comer”.

Trata-se, pois, de um estilo de cerveja com muita personalidade. Além de toda a história, o alto teor alcóolico (na faixa dos 7% a 10%), a escura coloração (que varia de amarelo queimado a marrom) e o pouco gosto de lúpulo conferiram à doppelbock o santificado nome de Salvator, ou “Salvador” em latim.

Para uma bebida que literalmente ajudou milhares de homens a passarem por um momento difícil de penitência, um brinde à doppelbock – nossa salvadora.

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Vienna Lager: conheça essas cervejas deliciosas e refrescantes

No coração da Europa existe um pequeno país chamado Áustria. Tem apenas 83 mil quilômetros quadrados – menor do que, por exemplo, o estado de Santa Catarina –, mas apesar do seu diminuto tamanho, os austríacos são os terceiros maiores consumidores de cerveja per capita do mundo. Isto quer dizer que 104 litros da bebida são consumidos por pessoa anualmente, quase o dobro que os brasileiros — nós consumimos 68 litros per capita anualmente.

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Ice Beer

Se existe uma coisa que os canadenses podem se orgulhar e afirmar de peito aberto é que eles entendem de gelo. Localizado no extremo norte das Américas, o segundo maior país do mundo enfrenta temperaturas polares, com um recorde de gelar o coração, com incríveis -63ºC, registrado na província de Yukon. Apesar desta intensidade invernal, o Canadá também figura na lista dos países mais industrializados do mundo, entre os cinco melhores lugares para se viver no planeta e com um altíssimo índice de desenvolvimento humano. De uma forma ou de outra, frio não é impeditivo para ninguém deixar de fazer alguma coisa por lá, muito pelo contrário: frio foi o combustível para eles criarem uma cerveja diferente, a ice beer – ou cerveja de gelo.

Feita num processo que lembra a Eisbock alemã, a ice beer canadense nasceu no ano de 1993 e possui um método um tanto inusitado em sua fabricação: o líquido é submetido a um intenso congelamento progressivo, no qual cristais de gelos são formados e filtrados. Por conta das propriedades naturais do álcool, que só congela a temperaturas abaixo de -114ºC (muito abaixo da água, a 0ºC) este processo, chamado de congelamento fracionário, faz com que a concentração alcoólica da ice beer seja mais elevada que as cervejas pilsen comuns, acima de 5,5%.

Em linhas gerais, poder-se-ia dizer que as ice beer são um tipo de Pale lager de baixa fermentação, mais refrescantes e com uma leve presença maior de álcool. Entre uma Eisbock e uma ice beer, a diferença se encontra basicamente na adição anterior de água – mais presente na confecção americana do que na confecção europeia.

Um novo estilo refrescante ou puro marketing eficaz? Seja como for, os canadenses dominaram a técnica do frio conforme seus interesses, patentearam esse método. e comercializaram no mundo todo a mais nova gelada do momento. Ponto para os irmãos do norte.

Com informações de: O Globo, Organização das Nações Unidas (ONU), Sindcerv, Wikipédia